Em muitos casos, as perdas podem ser equivalentes ao lucro do negócio. E sim, há casos onde a perda determina se a empresa está no vermelho ou no azul. Apesar disso, este tema é pouco atrativo e altamente espinhoso, pois apesar de afetar diretamente a rentabilidade das organizações, ele é considerado um efeito colateral da atividade e, em muitos casos, sem uma causa definida e um dono. Em outros casos, é colocado em segundo plano em face do foco no crescimento da receita.
As perdas de estoque são altamente impactantes no setor varejista. Pesquisas nacionais traçam valores de perda na casa das dezenas de bilhões de Reais no varejo brasileiro. Em muitos casos, as perdas podem ser equivalentes ao lucro do negócio. E sim, há casos onde a perda determina se a empresa está no vermelho ou no azul. A prevenção de perdas no varejo é indispensável.
Apesar disso, este tema é pouco atrativo e altamente espinhoso, pois apesar de afetar diretamente a rentabilidade das organizações, ele é considerado um efeito colateral da atividade e, em muitos casos, sem uma causa definida e um dono. Em outros casos, é colocado em segundo plano em face do foco no crescimento da receita. Ou seja, vender a qualquer custo. Porém, em momentos de pandemia em que o cenário impõe uma contração forçada da demanda e da operação, preservar caixa e rentabilidade passa a ser questão de sobrevivência. E neste cenário, a prevenção de perdas é uma ferramenta poderosa, tanto pela velocidade quanto pelo volume de resultado que pode ser atingido.
No varejo alimentar e farmacêutico, aproximadamente 65% a 70% das perdas são decorrentes de vencimento, avaria e perda das características de consumo dos produtos. Ou seja, são itens comprados e jogados fora antes de passar pela frente de caixa. Desperdício, em outras palavras. Como foi dito acima, as causas são inúmeras e, por isso, a responsabilidade é de difícil atribuição. Pode ser excesso de abastecimento, sortimento inadequado, precificação incorreta, compra mal realizada, armazenagem e exposição inapropriada e outras causas dispersas em várias áreas de negócio. Logo, para tratar esta linha de perdas de forma rápida e assertiva, é fundamental haver o trabalho conjunto das áreas com o foco na redução das perdas. E para isto, 3 desafios precisam ser superados:
Patrocínio genuíno da alta direção
Em resumo, as perdas devem ser pauta da presidência e da diretoria executiva. E o tema deve ser tratado com energia e foco. Os executivos devem ser os removedores de barreira, fomentando o trabalho em grupo. Devem quebrar os silos e os interesses individuais e buscar com que todos colaborem entre si.
Foco em reduzir as perdas no varejo e não explicar o passado
Depois disso, vem o segundo desafio. Focar nas ações para a redução das perdas. Para isto, é fundamental ter recursos com alto domínio do assunto e conhecimento do negócio. Isto por que as discussões geralmente tomam um caráter de justificação dos problemas, com a batata quente sendo jogada de colo em colo e as áreas pedindo dados complementares e análises adicionais em uma espiral sem fim. Este modelo mental engessa a organização e não gera resultado nenhum. Hipóteses têm que ser traçadas e ações executadas rapidamente. Logo, a média gerência deve ter a capacidade de estruturar ações táticas sob comando de uma área de prevenção de perdas capaz de direcionar os caminhos a serem tomados.
Executar e agir para a prevenção de perdas no varejo
Por último e tão importante quanto os pontos acima, está a capacidade de executar as ações planejadas. Esta é a parte difícil, pois não basta apenas dizer que foi feito, mas fazer bem feito. Prevenir perdas exige capacidade de execução e, em muitos casos, agir contra interesses de curto-prazo. Reduzir compras, reavaliar sortimento, redimensionar a exposição e o planograma, negociar caixas menores com os fornecedores são temas colocados em pauta e que vão de encontro à mentalidade de muitas áreas. Mas são ações que devem ser tomadas para preservar a rentabilidade do negócio em um cenário como estamos passando.
Em um dos nossos clientes de varejo, conseguimos estruturar rapidamente um grupo multidisciplinar, com forte patrocínio da presidência e conselho, buscando uma redução agressiva das perdas objetivando aumentar a rentabilidade da organização no cenário de pandemia. Em 3 meses de projeto, conseguimos uma redução de milhões de Reais em perdas, com incremento direto na margem líquida. Isso deu um fôlego para esta organização se manter, preservou empregos e o valor do negócio. Logo, reduzir perdas é um mecanismo eficaz e comprovado para a sua organização varejista buscar ótimos resultados.
* Rodrigo Castro é diretor executivo da Protiviti, empresa especializada em soluções para gestão de riscos, compliance, auditoria interna, investigação, proteção e privacidade de dados, e cofundador da Profit Shield.