Descubra como as normas ISO estão moldando a governança, segurança e ética no uso da Inteligência Artificial.
A Inteligência Artificial (IA) é um campo em constante evolução, que ganhou protagonismo nas discussões ao longo dos últimos anos, mas que tem raízes profundas na história. Desde a Antiguidade, a ideia de máquinas que realizam tarefas humanas intriga a humanidade. Na Grécia Antiga, por exemplo, filósofos como Aristóteles e Platão já discutiam conceitualmente criaturas artificiais capazes de desempenhar funções humanas. Na década de 1940, Warren McCulloch e Walter Pitts propuseram modelos de redes neurais baseados no funcionamento de neurônios, criando as bases para circuitos inteligentes. Em 1950, Alan Turing introduziu o “Teste de Turing” para avaliar a inteligência das máquinas. Já em 1956, John McCarthy cunhou o termo “inteligência artificial”, inaugurando oficialmente o campo.
Avanços Recentes e Impactos Práticos da IA
Nos últimos anos, a IA avançou de forma exponencial, permitindo inovações como reconhecimento facial, processamento de linguagem natural e ferramentas como ChatGPT e Google Gemini. Essas tecnologias estão transformando áreas como automação, produtividade e análise de dados.
No entanto, o uso crescente da IA também revela desafios significativos, incluindo riscos relacionados à privacidade de dados, decisões opacas e possíveis falhas de segurança. Esses desafios aumentam a necessidade de regulamentações claras.
Normas ISO: um marco na governança de IA
Para mitigar os riscos e promover o uso ético da IA, a ISO (International Organization for Standardization) introduziu duas normas cruciais em 2023:
- ISO 23894 – Gestão de Riscos de IA: Uma extensão da ISO 31000, com foco em riscos específicos da Inteligência Artificial.
- ISO 42001 – Sistema de Gestão de IA: Um modelo abrangente de governança com possibilidade de certificação.
ISO 23894 – Gestão de Riscos de IA
A ISO 23894 adapta os princípios de gestão de risco da ISO 31000 às particularidades da IA. Entre os riscos mais comuns tratados pela norma estão:
- Complexidade dos sistemas: Supervisão e controle de sistemas altamente complexos.
- Explicabilidade: Necessidade de decisões transparentes e justificáveis.
- Automação: Desafios no gerenciamento de sistemas autônomos.
- Dados e aprendizado de máquina: Dependência de grandes volumes de dados e impacto de sua qualidade no desempenho.
- Hardware e ciclo de vida: Problemas técnicos e atualizações que afetam a operação.
Essa norma é essencial para organizações que desenvolvem, implantam ou utilizam IA, ajudando a identificar e mitigar riscos eficazmente.
ISO 42001 – Sistema de Gestão de IA
A ISO 42001 estabelece um modelo de melhoria contínua baseado no ciclo PDCA (Plan-Do-Check-Act), oferecendo diretrizes para implementar e manter sistemas de IA seguros e éticos. Entre seus principais benefícios estão:
- Governança padronizada: Garantia de práticas consistentes e alinhadas globalmente.
- Transparência e ética: Promoção de confiança e responsabilidade no uso da IA.
- Certificação: Demonstração do compromisso da organização com segurança e conformidade.
Esse framework é especialmente valioso para organizações que buscam se posicionar como líderes no uso responsável da tecnologia.
Conclusão
A Inteligência Artificial é uma tecnologia transformadora, mas seu impacto requer responsabilidade e regulamentação. Normas como a ISO 23894 e a ISO 42001 são ferramentas essenciais para orientar empresas em direção a um futuro ético, seguro e inovador. Ao adotar essas diretrizes, as organizações estão melhor equipadas para explorar o potencial da IA enquanto minimizam riscos e promovem a confiança pública.
Por Armando Ribeiro, Consultor de Cibersegurança na Protiviti Brasil | [email protected]