Programa de Compliance: Indicadores e boas práticas
Como realizar o monitoramento eficaz do Programa de Compliance
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    Como realizar o monitoramento eficaz do Programa de Compliance

    Publicado em: 7 de janeiro de 2025

    Monitorar um Programa de Compliance é parte do dia a dia de muitos profissionais de compliance, mas esta atividade tem sido realizada de forma eficaz? Para que o monitoramento seja efetivo, ele precisa ser planejado, contínuo e alinhado com a estratégia da área.

    Nesse sentido, antes de definir quais indicadores serão monitorados em cada pilar do Programa de Compliance, é indispensável entender quais são os riscos mais críticos para a empresa e como o programa pode contribuir para mitigá-los. Não se deve perder a essência do monitoramento, que é acompanhar a efetividade de cada pilar do programa, e ter as informações para tomar decisões e promover os ajustes necessários. Definir bons indicadores também ajudam a priorizar recursos e esforços.

    Vale lembrar que existem 2 tipos principais de indicadores: o de desempenho (KPIs) e os de riscos (KRIs). Ambos são importantes, e tem atuação complementar. Pensando no relacionamento com agentes públicos, seriam exemplos de KPIs ter 100% das interações com o governo mapeadas, ter 100% dos profissionais com interface com o governo treinados na política de relacionamento com o setor público, entre outros, e seriam exemplos de KRIs ter métricas que monitorem o risco de conflitos de interesses e envolvimento com PEPs.

    O planejamento do monitoramento pode começar pela formalização das regras que devem definir quais são os mecanismos e procedimentos a serem utilizados, guiando a prática do monitoramento. Isso inclui a definição de como os dados serão coletados, analisados e reportados, as responsabilidades das equipes envolvidas e a periodicidade em que essas avaliações devem ocorrer.

    A etapa seguinte é a de execução. Essa fase envolve a aplicação disciplinada das diretrizes estabelecidas, garantindo que os dados sejam coletados, analisados e reportados de forma consistente. Relatórios regulares devem balancear aspectos quantitativos e qualitativos, trazendo à tona tanto os números concretos quanto as narrativas que contextualizam esses dados. Esse monitoramento contínuo deve levar em consideração a periodicidade e as fontes em que podem ser coletados os dados de acordo com cada pilar do Programa.

    Alguns exemplos práticos de KPIs para cada pilar do Programa, incluem:

    Os indicadores do Programa de Compliance devem ser monitorados com frequências definidas de acordo com sua relevância e a necessidade de acompanhamento. Boas métricas de compliance possuem características comuns: são objetivas e rastreáveis, mesclam visões quantitativas e qualitativas, contribuem para o negócio, orientam a decisão do Compliance Officer. Vale também lembrar da importância da pesquisa de cultura como ferramenta para avaliar a efetividade do Programa de Compliance à luz de todos os envolvidos.

    Com os indicadores definidos e monitorados, é recomendável que a organização elabore um relatório anual consolidado, reunindo metas, indicadores e o desempenho do Programa. O relatório consolidado oferece uma visão holística do desempenho do Programa de Compliance ao longo do ano, sendo um importante instrumento de gestão para o Compliance Officer, e para a liderança da empresa, incluindo os membros do Comitê de Ética e a Alta Administração.

    Importante ressaltar que certificações como ISO 37.001, ISO 37.301 e o reconhecimento Pró-Ética, promovido pela Controladoria Geral da União (CGU), avaliam a estrutura de monitoramento do Programa de Compliance. Dados recentes mostram que, mesmo entre as empresas reconhecidas pelo Pró-Ética, o índice médio de conformidade relacionado ao monitoramento do programa de integridade foi de 59,97%, o que indica que mesmo empresas com Programas de Compliance maduros ainda têm espaço para melhorias. Para evoluir nesse aspecto, é interessante que empresas adotem ferramentas como KPIs (indicadores-chave de desempenho) e processos de melhoria contínua baseados no ciclo PDCA (Planejar, Fazer, Checar e Agir), fortalecendo a sustentabilidade e a eficácia de seus programas.


    Por Lais Bloise, consultora sênior de Forensics & Integrity na Protiviti Brasil.

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